A ONG Rio de Paz, filiada ao departamento de informação pública da ONU e engajada na defesa dos direitos humanos, organizou na manhã do dia 10 de Dezembro, em Copacabana, um ato que prestou homenagem aos 61 Policiais Militares mortos no Rio somente em 2015. Além de cartazes com fotos dos PMs, uma farda manchada de vermelho, presa numa enorme cruz cravada nas areias, simbolizava a violência sofrida pelos Policiais Militares. A intervenção na Praia de Copacabana, segundo a Rio de Paz, teve a intenção de concretizar três reivindicações: melhores condições de vida aos policiais, amparo aos familiares de policiais mortos e assistência aos policiais que carregam seqüelas físicas e psicológicas decorrentes do exercício da profissão.
O presidente da Rio de Paz, Antonio Carlos, a frente da ONG desde 2007, afirmou que direitos humanos não tem lado e deve ser para todos, inclusive para os policiais que não tem, segundo ele, apoio do Estado:
“homens que trabalham em condições tão precárias como estas que os Policiais Militares trabalham, sofrem violação dos direitos humanos e é chegada a hora do Estado se atentar pra isso”- ressaltou
Embora silencioso e num clima de tranqüilidade, o ato contou com muita indignação por parte de parentes das vítimas. Aos 18 anos Yara Correa filha de Vlamir Correa, subtenente aposentado, assassinado com vários tiros, desabafa: “A família vive as dificuldades junto com o policial. A gente não dormia quando meu pai saia pra trabalhar, pois sabíamos que ele não tinha condição de se defender com armas que não funcionavam e condições desfavoráveis em comparação ao armamento que, hoje, os bandidos ostentam em combate”- desabafou.
Dentre as reclamações mais comuns por parte dos familiares presentes no ato, estava a falta de assistência psicológica, dado o forte estresse a que os policiais são submetidos, falta de assistência à família do policial morto, falta de recurso para que os policiais estejam mais seguros em combate uma vez que os armamentos estão sucateados, o insuficiente número de coletes a prova de balas e a falta de auxilio do governo com políticas públicas que somem ao trabalho da polícia. Compartilhando da mesma opinião, a Cabo Flávia Louzada, muito ativa nas causas em prol da PM e maior colaboradora do ato em homenagem aos PMs mortos, declara:
“Pacificação não se faz só com armas. É preciso projeto social, educação e cidadania. É preciso mudar a mentalidade das crianças que cresceram idolatrando traficantes que tem o tênis e a moto que eles não têm. Na hora de pacificar só entra a polícia, como parte repressora. A parte assistencialista também precisa estar presente e deve ser dada pelo governo que é quem tem verdadeiramente condição de dar”- Desabafou ela.
Ao final do ato, flores foram depositadas por familiares e amigos das vítimas em frente as fotos expostas num clima de muita comoção.