O comandante-geral da Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro, coronel Alberto Pinheiro Neto, em entrevista exclusiva ao jornal Caixa Informa, falou sobre diversos assuntos de extrema importância para a sociedade e para o policial militar. Abordado sobre o possível fechamento do colégio da PM, Ciclo completo de Polícia e as recorrentes mortes de policiais militares, entre outros assuntos, o comandante foi incisivo em suas respostas deixando claro o seu ponto de vista e atitudes a serem tomadas.
CB: A que se deve as recorrentes mortes de policiais militares no Estado do Rio de Janeiro e que atitudes estão sendo tomadas para combater essas atrocidades?
O modelo que trabalhamos propicia esses ataques a policiais militares. Quando eu assumi em janeiro de 2015, nós reorganizamos a equipe de policiais militares mediante a elaboração de um grande diagnóstico nas áreas operacionais e administrativas, o que gerou um novo entendimento em relação às Unidades de Polícia de Pacificadora (UPPs). Este diagnóstico apontou que algumas UPPs não estavam atendendo as expectativas do Comando e, por conta disso, surgiu à proposta de mudança sobre a organização e condução das mesmas. Este pontuaria o aumento ou diminuição sobre a violência e os confrontos entre os policiais e marginais em determinadas localidades, o que até então o entendimento da Polícia Militar encontrava-se fora do padrão de normalidade de uma área considerada pacificada.
CB: Em meio a tudo isso, a PM oferece algum tipo de amparo psicológico e de assistência social ao policial?
Atualmente a Polícia Militar conta com noventa e cinco Oficiais psicólogos pertencentes ao Quadro de Psicologia da Corporação. A assistência psicológica, no que diz respeito ao “stress” dos policiais, ocorre nas referidas unidades por intermédio de atendimentos psicológicos e, se for o caso, o policial militar é encaminhado para o atendimento psiquiátrico.
CB: Como o Comando enxerga uma CPI na Alerj para investigar essas mortes?
É muito importante que as mortes dos policiais militares não fique impune. É interessante que haja essa investigação para deixar claro pra sociedade a realidade dos fatos. No entanto, levando-se em conta as mudanças no modelo de trabalho, o percentual de morte de policiais é menor esse ano que nos anos anteriores. Por mais que o número de mortes tenha sido maior, esse ano conseguimos evitar um número catastrófico, graças a esse novo modelo. Vamos trabalhar para que não tenhamos mais mortes de policiais militares.
CB: Quais os planos do Comando para o Colégio da PM?
Temos realizado reuniões juntamente ao pessoal da área de Ensino desde o início de 2015 para tratarmos de assuntos relevantes ao CPMRJ. Todavia, há necessidade de reorganizar o Colégio com vistas principalmente à captação de recursos, para que o mesmo possa suportar suas próprias demandas. A nossa prioridade é que não haja prejuízo para as crianças.
CB: Qual a opinião do comandante com relação ao Ciclo Completo da Polícia Militar?
A Polícia Militar é favorável ao Ciclo Completo de Polícia, que é uma realidade em todas as grandes Polícias dos principais países do mundo. No meu entender, a forma de implementação do Ciclo Completo de Polícia no Brasil poderá ser através das definições de: tipo criminal, competência funcional e/ou responsabilidade geográfica.
CB: Quais medidas estão sendo tomadas para que o policial militar saia mais bem preparado para as ruas?
Houve uma evolução no que se pretende institucionalmente para a formação do policial militar, do soldado e oficial. A partir do próximo Curso de Formação da PM, todo Aluno, aprovado em concurso para soldado ou para oficial, receberá uma formação básica no primeiro ano, após o qual estará pronto para exercer a função de policial militar. Além disso, o Estado-Maior Geral da Polícia Militar está provendo uma mudança curricular com o objetivo de atender as novas demandas sociais e a partir do próximo ano, o curso contará com matérias como o novo conceito de Polícia de Proximidade, contando com uma carga horária majorada.
CB: A Polícia Militar enfrenta uma grave crise em seu sistema prisional. Qual a sua avaliação sobre o Batalhão Especial Prisional (BEP)?
O novo Batalhão Prisional objetiva otimizar o emprego de efetivo dos Policiais Militares e oferecer melhores condições de trabalho para o Ministério Público, juízes, advogados e também aos próprios detentos e seus familiares que realizam visitas nas instalações.
Nesse sentido, um convênio foi firmado através do Governador do Estado do Rio de Janeiro com a Secretaria de Administração Penitenciária para administrá-lo de forma conjunta com a Corporação. Tal medida promoverá uma redução considerável do efetivo que está empenhado na administração e segurança do BEP, sendo seus policiais reconduzidos ao Policiamento e segurança da sociedade.
CB: Como o comandante vê a parceria com a Caixa Beneficente da Polícia Militar?
Para o policial militar é muito importante esse apoio de uma instituição como a Caixa Beneficente, uma organização centenária que mais contém associados dentro da Polícia Militar. É uma enorme satisfação ter a Caixa como parceira.
Em um longo papo com o presidente Diretoria Executiva, o comandante ainda destacou outros assuntos ligados a Segurança Pública, o modelo de Polícia integrada e Polícia de Proximidade. Para finalizar, Pinheiro Neto deixou um recado solidário para o policial militar e sua família:
“Assim como o policial militar é o maior patrimônio da corporação, o maior patrimônio do policial militar é a sua família. É importante que o policial militar não deixe sua família em segundo plano.” Finalizou.
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Na foto, os diretores Social e Jurídico , Cel Rabelo e Cel Chaves, o Prersidente Diretoria Executiva, o comandante, Cel Pinheiro Neto, Cel Robson e o controlador financeiro Bruno Vieira