Com uma petição e missa, manifestantes buscam tombamento de QG da PM
Por Inaira Campos
Com o objetivo de conseguir o tombamento do centenário prédio do Quartel General da Polícia Militar, na Rua Evaristo da Veiga, no Centro do Rio, ameaçado de demolição pelo Governo do Estado, centenas de representantes de classe, ligadas à polícia militar, políticos e integrantes da sociedade civil, participaram nesta quarta-feira (22/05), de uma missa de ação de graças, na Igreja Nossa Senhora das Dores, nos fundos do QG. Em seguida houve um abraço simbólico, que marca uma nova etapa na luta para impedir a venda e demolição do QG.
Representantes de diversas entidades iniciaram uma petição pública para que o prédio da Rua Evaristo da Veiga seja tombado pelo Estado e transformado em um patrimônio histórico da cidade, já que com a demolição do quartel, só a capela continuaria de pé. O documento já conta com cerca de 300 assinaturas e será entregue ao Instituto Rio Patrimônio da Humanidade.
Para o vice-presidente da Caixa Beneficente da Polícia Militar, coronel Robson Paulo, que representou a instituição no evento, a união entre sociedade e entidades de classes, bem como de integrantes da própria corporação, pode ser decisiva para manter o prédio em pé. “É a nossa história que está em jogo. O QG representa muito para nós policiais e lutaremos até o final para que governo volte atrás em sua decisão. A união faz a força”, enfatizou o coronel Robson.
O prédio construído num terreno de 13,5 mil metros quadrados e que, se vendido, pode garantir R$ 336 milhões aos cofres do estado, tem ainda valor histórico, arquitetônico e simbólico, usados pelos manifestantes para defender o local. Foi no imóvel, no final do sec. XVII, que foram plantadas as primeiras mudas de café das quais o Rio teve notícia, nesta época o espaço era à época um convento de frades capuchinhos. Neste mesmo prédio, apesar das mudanças realizadas ao longo do tempo, Duque de Caxias teria comandado o Corpo de Municipais Permanentes, encarregado do policiamento da cidade no século 19.
Apesar dos constantes manifestos, essa briga já enfrentou alguns obstáculos. O Instituto Nacional de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) analisou os pedidos de tombamento duas vezes e rejeitou o pedido alegando que o prédio já havia sido descaracterizado, perdendo assim seu valor arquitetônico. A Câmara de Vereadores rejeitou, em abril, um projeto que previa o tombamento e a tentativa de preservação no Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural também fracassou.
O governo do estado já confirmou sua intenção de vender o terreno e para que a demolição do QG aconteça, depende apenas da mudança da corporação para um prédio da Uerj. A previsão é que o todo o quadro seja transferido até o dia 11 de agosto.